Existem uma série de empresas ao redor do mundo usando nossos dados como fonte de rendimentos sem, necessariamente, nos beneficiar. No Brasil, a Serasa é uma delas. Na mão dessas companhias, nossos dados ficam a mercê de brechas de seguranças que podem levar a roubo de identidade e fraude. A americana Equifax, por exemplo, perdeu os dados de 140 milhões de pessoas que agora correm estes riscos, sem recompensá-las de nenhuma forma.
Mas essa é só a ponta do iceberg. Outros serviços, como lojas virtuais e até agências governamentais, compartilham dados por aí, sem nenhum controle da verdadeira parte interessada – as próprias pessoas.
O bitcoin, representante mais popular da aplicação da tecnologia Blockchain, dá uma pista para solucionar essa questão.
De forma básica, o bitcoin é um grande banco de dados distribuído e autônomo. Nele, são armazenadas as transações de fundos entre pessoas. As pessoas são identificadas por uma sequência de caracteres que representa sua chave criptográfica pública. Para provar que você é dono dos fundos de uma transação, você precisa apresentar a chave criptográfica privada que faz par com a chave pública registrada nela.
Todas as pessoas que possuem uma carteira bitcoin, um software para transferir e armazenar a moeda, possuem essa chave privada. Logo, esse é o primeiro passo: ter um sistema de identificação digital para todos, algo que precisa partir do governo.
Em muitos países ao redor do mundo, isso já é uma realidade. Em Portugal, por exemplo, o cartão de identidade vem com um chip acoplado, contendo uma chave criptográfica que pode ser usado da mesma forma que na carteira bitcoin.
Com cada cidadão tendo seu par de chaves, é possível criar uma rede de dados onde, com a ajuda da criptografia, empresas e instituições governamentais possam acessar apenas os dados autorizados por ele.
A principal característica do blockchain, que é ser um sistema distribuído, também é uma vantagem, já que os dados não ficariam armazenados em um único servidor, mas sim numa rede. Assim, seria mais fácil e seguro suportar um banco de dados dessa grandeza.
Existem uma série de empresas trabalhando com blockchain para resolver problemas relacionados a identificação e dados pessoais. Nessa lista, é possível ver dezenas delas, que empregam diferentes métodos. Além disso, governos também estão se movimentando. Há não muito tempo, o estado de Illinois, nos EUA, anunciou um projeto para usar blockchain na digitalização de certidões de nascimento.
Com a nosso par de chaves único, poderíamos autorizar o envio de documentos para bancos, registros médicos para hospitais e até diplomas entre universidades, tudo isso sem carregar qualquer papel ou cópia que poderia facilmente ser falsificada. Incluindo outras tantas atividades que fazemos diariamente relacionadas a nos identificarmos para uma terceira parte.
Além disso, ao invés de grandes companhias vendendo nossos dados ou até o nosso histórico de navegação de Internet, poderíamos nós mesmos vendê-los, ganhando ao menos uma fatia do que as companhias lucram. A pergunta é como empresas, governos e interessados vão caminhar com relação a isso.
A tecnologia está aí.
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