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Superciclo de commodities: mercado vê novo ciclo se iniciando em breve

Postado por em 1 de September de 2021 , marcado como

Executivos do mercado falam sobre empresas produtoras e investimentos diretos em commodities.

Investidores e especialistas do mercado financeiro e renda variável estão com atenção voltada para as demandas de commodities. O aumento da demanda, que poderá ser impulsionado nos próximos anos por uma agenda preocupada com o meio ambiente e por políticas públicas de apoio financeiro implementadas na pandemia, traz otimismo para o novo superciclo de commodities.

Sylvio Castro, CIO da Grimper Capital, e Marcio Fontes, da empresa ASA Investments, informam que suas preferências recaem sobre as empresas produtoras e investimentos diretamente em commodities agrícolas, cobre e crédito de carbono.

Os dois executivos participaram do painel da Expert XP sobre os rumos da economia brasileira, juntamente com Tony Volpon, estrategista-chefe da Wealth High Governance (WHG) e ex-diretor do Banco Central. O painel era para falar especificamente sobre as commodities. “As empresas continuam representando uma boa oportunidade para carregar, assim como a própria compra de commodities, como cobre e petróleo”. afirmou Fontes.

No entanto, o gestor recomendou ter cautela e ainda ressaltou que o investidor deve evitar muita ambição e pressa ao buscar o setor. “Há miniciclos que podem te jogar pra fora, caso o investidor vá com muita fome […]. Tem que ficar atento ao timing [momento certo] por causa das oscilações”.

Castro contou ainda que havia comprado posições (que apostam na alta de preços) em cobre, crédito de carbono e empresas atreladas aos commodities do setor agrícola e alertou aqueles investidores que desejam adentrar o mercado. “Quando olhamos as empresas produtoras de commodities, temos a impressão que elas negociam a múltiplos baratos, mas é difícil ter certeza se o múltiplo vai mudar, porque a produção envolve poluir e o mundo deve pagar menos prêmio por isso”, afirmou Castro durante o painel Expert XP.

Segundo o CIO da Grimper Capital, outro ponto de atenção é que essas empresas são conhecidas como cíclicas e podem ter movimentos bruscos dependendo do crescimento ou recuo do mercado econômico. Baseado nisso, ele recomenda aos investidores, balancear de maneira adequada o tamanho da posição para enfrentar eventuais riscos.

Novo ciclo commodities com maior duração

Durante o evento, os gestores indicaram também que em breve um novo superciclo de commodities deve se iniciar, impulsionado principalmente por políticas fiscais de assistência a famílias mais pobres e em situação de vulnerabilidade, assim como a agenda focada na transição para uma economia mais ecológica e verde, além da maior tendência de desglobalização.

“É uma demanda global que vem da sociedade e que vai ser a grande agenda das próximas décadas. Ë um ciclo que tem maior sustentação. Essa é a grande diferença [do ciclo atual]”, ressaltou Tony Volpon, da Wealth High Governance.

Sylvia Castro, da Grimper Capital, ainda destacou que os programas de política fiscal adotados por governos durante a pandemia de COVID-19 para ajudar famílias em situações de vulnerabilidade a terem uma renda mais alta, deve contribuir para aumento de commodities agrícolas.

Também para o CIO, as mudanças climáticas devem exigir um esforço maior em termos de políticas públicas no mundo todo para diminuir o preço de energias renováveis, o que deve resultar em uma expansão da demanda por metais básicos.

Volpon acredita que com a implementação de uma agenda mais verde, a sociedade vai precisar investir em commodities para renovar  toda a matriz energética e industrial disponível atualmente. Também indicou que a chance de uma demanda mais elevada por commodities agrícolas, com a falta de oferta e uma agenda mais cronológica devem levar a um período de preços em alta.

Marcio Fontes, da ASA Investment, citou que uma possível tendência de desglobalização deve atuar junto com a mudança de agenda e das práticas assistencialistas para impulsionar o novo ciclo de alta nos preços das commodities. Afirmou também que, diante da crise de COVID-19, companhias que precisaram investir para melhorar a infraestrutura das cadeias de produção em função do fechamento de fronteiras e que os investimentos tendem a ficar ainda mais frequentes na pós-pandemia, com reflexo sobre commodities metálicas.

“O mundo pós-pandêmico pode ter certa globalização. As empresas vão ter que ter mais produção local e flexibilidade de produção”, afirmou Fontes.

Sobre a posição do Brasil nesse cenário de alta de commodities, Tony Volpon, estrategista-chefe da WHG, contou ver no país uma vantagem comparativa natural em relação aos termos de produção de minério, por exemplo, além da capacidade de aumentar a oferta nos setores agrícolas.

Volpon assinala assim, que o país está em uma posição favorável para usufruir e aproveitar um eventual superciclo de commodities, embora precise trabalhar em sua parte. “O superciclo pode ajudar, mas precisamos fazer o dever de casa para ajudar” declarou Tony Volpon.

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