Mesmo a Rússia sendo acusada de influenciar as eleições presidenciais dos Estados Unidos em 2016, a capital da nação assume papel de liderança para tornar a democracia mais transparente através do blockchain.
A partir da utilização de um programa chamado Active Citzen, a cidade de Moscou tem permitido que os cidadãos votem em medidas que vão desde o nome da nova estação de metrô até a cor dos assentos de uma nova arena esportiva.
Dessa forma, em um esforço para acalmar as preocupações dos residentes, a respeito da confiança no sistema de votação, foi adicionada uma versão privada do Ethereum blockchain para a arquitetura desse projeto.
“É claro, as vezes ouvimos que nem todos os sistemas de votação são confiáveis”, ponderou Andrey Belozerov, conselheiro de estratégias e inovação do CIO da cidade. “Então, decidimos utilizar o blockchain para o projeto Active Citzen, como uma plataforma de confiança eletrônica”.
A plataforma respaldada no Ethereum, que permite a qualquer um auditar os resultados de código aberto, foi baixada por mais de 100 operadores de nó desde dezembro do ano passado. Dessa forma, a cidade espera ganhar a confiança dos cidadãos de Moscou e mais que isso, a confiança de todo o mundo.
Enquanto que o movimento entre os países denominado “guerra fria do blockchain” utiliza a tecnologia para prejudicar a influência financeira de cada um, Belozerov espera que os testes com a Active Citizen resulte em um aumento do senso de confiança entre as nações.
“A ideia é colocar todos os votos no blockchain para torna-lo aberto. Então qualquer um poderá se conectar a nossa rede de blockchain e checar o processo de votos e assim por diante”, ressaltou Belozerov em uma entrevista ao CoinDesk.
Inicialmente lançado em 2014 como uma forma de os políticos eleitos de Moscou darem aos seus ridentes uma opinião sobre a administração da cidade, o programa Active Citizen já registou 2 milhões de usuários.
No total, foram realizadas 3.450 pesquisas utilizando os dados centralizados Oracle, banco de dados em que a plataforma foi construída inicialmente. Um dos referendos realizado na plataforma de Ethereum blockchain foi medir a opinião dos cidadãos a respeito da demolição de um edifício, que seria substituído por uma construção mais nova e confortável, e o deslocamento temporário dos habitantes.
Embora Belozerov tenha dito que há “grande interesse por parte do mercado”, ele reconhece que ainda existem muitos obstáculos que precisam ser ultrapassados. Alinhado com as preocupações a respeito do espaço de blockchains públicos, o conselheiro se pergunta como a tecnologia será escalável.
Até agora, a plataforma atingiu apenas um máximo de mil transações por minuto. Mas se o projeto Active Citizen atrair mais que os 12 milhões dos residentes de Moscou, não está claro se o blockchain será capaz de lidar com o volume.
De acordo com Belozerov, o aumento da adoção a plataforma será o teste de estresse perfeito. “No final do primeiro trimestre, nós iremos determinar se ela funciona corretamente com a nossa carga”, ele destacou. “Então, poderemos encerrar o modelo anterior do Active Citzen e ir naturalmente para o blockchain”.
Ainda assim, com objetivos mais amplos em mente, o interesse dos moradores de Moscou não necessariamente se equipara ao interesse do governo para além dos limites da cidade. Em um esforço para provar que o sistema é confiável, a população da cidade autorizou o “Big Four” da empresa de contabilidade PwC para conduzir uma auditoria independente do código.
“A empresa estudou a possibilidade de manipulação dos resultados das pesquisas, tanto por parte dos funcionários internos quanto de ataques externos”, revelou Belozerov, e descobriu que não há razões para se preocupar em pesquisas com mais de 300 mil votos.
De acordo com o site oficial da prefeitura de Moscou, as pesquisas mais populares estão em torno de 137 e 220 mil participantes, atualmente.
Além do mais, a PwC também simulou ciberataques externos e não conseguiu substituir os votos de um referendo eletrônico ou obter acesso não autorizado dos resultados. Não só isso, mas Belozerov acredita que há interesse das entidades governamentais de adotar a tecnologia blockchain não apenas para aumentar a transparência mas também para outras eficiências.
Ele apontou um teste recente feito pelo Ministério do Desenvolvimento Econômico da Rússia e do Serviço Federal de Registro do Estado para analisar como o blockchain poderia fornecer aos usuários maneiras mais rápidas e econômicas de provarem o pertencimento de seus bens. Belorezov ainda citou os esforços de Dubai para mover todos os registros do governo para um sistema respaldado por blockchain até 2025.
No entanto, o conselheiro acredita que a resistência das lideranças governamentais pode ser o maior obstáculo para a doção da tecnologia. “É claro que a questão mais difícil é mudar as opiniões, ou mudar seus pensamentos para essa abordagem. Mas vejo uma tendência muito forte para a mudança de diferentes países e empresas em prol do blockcahin”.
Fonte: CoinDesk
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