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PIB do Brasil tem queda no 2º trimestre puxado por agro e indústria

Postado por em 3 de September de 2021 , marcado como

O PIB (Produto Interno Bruto) do Brasil registrou uma variação negativa de 0,1% durante o segundo trimestre de 2021. A comparação utilizou o primeiro semestre do ano. Apesar da variação negativa, o resultado indica estabilidade e vem depois de três trimestres positivos, seguindo o crescimento da economia. O PIB é a soma dos bens e serviços finais produzidos no país e em valores correntes, chegou a R$ 2,1 trilhões.

Em comparação ao mesmo período de 2020, o dado representou alta de 12,4%. Os números foram divulgados pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

O indicador ficou abaixo das expectativas. Segundo os economistas consultados pelo consenso Refinitiv, a estimativa estava em alta de 0,2% da atividade econômica brasileira na comparação com o primeiro trimestre e alta de 12,8% na base de comparação anual.

A divulgação dos resultados nesta manhã de quarta-feira mostrou que a economia brasileira teve avanço de 6,4% no primeiro semestre. A economia acumula alta de 1,8% nos últimos quatro trimestres, e em comparação com o segundo trimestre do ano passado, cresceu 12,4%. 

O Produto Bruto Interno continua no patamar do fim de 2019 e início de 2020, período que antecedeu a pandemia de coronavírus. No entanto, ainda permanece 3,2% abaixo do ponto mais alto da atividade econômica na série histórica, registrado no primeiro trimestre do ano de 2014.

Setores em queda: agro e indústria

Segundo os dados divulgados pelo IBGE, o desempenho da economia no trimestre vem do resultado negativo no setor de agropecuária (-2,8%) e da indústria (-0,2%). No entanto, os serviços avançaram 0,7% no período.

“Uma coisa acabou compensando a outra. A agropecuária ficou negativa porque a safra do café entrou no cálculo. Isso teve um peso importante no segundo trimestre. A safra do café está na bienalidade negativa, que resulta numa retração expressiva da produção” explicou a coordenadora de Contas Nacionais do IBGE, Rebeca Palis.

A atividade industrial também teve um recuo resultado das quedas de 2,2% nas indústrias de transformação e de 0,9% nas atividades de eletricidade e gás, esgoto, água e atividades de gestão de resíduos. As quedas compensaram a alta de 5,3% nas indústrias extrativas e 2,7% na construção.

“A indústria de transformação é influenciada pelos efeitos da falta de insumos nas cadeias produtivas, como é o caso da indústria automotiva, que lida com a falta de componentes eletrônicos. É uma atividade que não está conseguindo atender a demanda. Já na atividade de energia elétrica houve aumento no custo de produção por conta da crise hídrica que fez aumentar o uso das termelétricas”, detalhou também Rebeca Palis.

Os resultados positivos no setor de serviços vieram de quase todas as atividades: informação e comunicação (5,6%), outras atividades de serviços (2,1%), comércio (0,5%), atividades imobiliárias (0,4%), atividades financeiras, de seguros e serviços relacionados (0,3%) e transporte, armazenagem e correio (0,1%). Administração, defesa, saúde e educação públicas e seguridade social permaneceu estável (0,0%).

“Quase todos os componentes dos serviços cresceram, com destaque para o comércio e transporte na taxa interanual, que foram as atividades mais afetadas pela pandemia e que estão se recuperando mais agora”, observa Palis.

Consumo do governo sobe mas consumo das famílias permanece estável

No período analisado, o consumo das famílias não variou, permanecendo estável (0,0%), ainda impactado pelos efeitos da pandemia. No entanto, o consumo do governo teve alta de 0,7%. Os investimentos (Formação Bruta de Capital Fixo) recuaram 3,6% no período.

“Apesar dos programas de auxílio do governo, do aumento do crédito a pessoas físicas e da melhora no mercado de trabalho, a massa salarial real vem caindo, afetada negativamente pelo aumento da inflação. Os juros também começaram a subir. Isso impacta o consumo das famílias”, informou Rebeca.

Na balança comercial do país, a alta foi de 9,4% nas exportações de bens e serviços, sendo a maior variação desde o primeiro trimestre de 2010. Na pauta de exportações, destaque para a safra de soja estimulada pelos preços favoráveis. Apesar disso, as importações tiveram queda de 0,6% na comparação ao primeiro trimestre do ano.

No acumulado do primeiro semestre do ano, o PIB registrou crescimento de 6,4% em relação ao mesmo período de 2020, com desempenho positivo na agropecuária (3,3%), serviços (4,7%) e indústria (10,0%). “Tivemos um crescimento, mas deve-se observar a base de comparação. A economia encolheu 5,6% no mesmo semestre do ano passado, quando ocorreu o maior impacto da pandemia”, observou Rebeca.

O PIB avançou, na comparação anual, 12,4% no segundo trimestre do ano, com alta de 1,3% na agropecuária, 17,8% na indústria e 10,8% nos serviços.

Pela ótica da despesa, houve crescimento de 10,8% no consumo das famílias. Os investimentos (Formação Bruta de Capital Fixo) registraram 32,9% no segundo trimestre. O aumento é justificado através dos resultados positivos na produção interna, na importação de bens de capital e na construção. Já o consumo do governo teve alta de 4,2%.

No setor externo, as exportações cresceram 14,1% e as importações avançaram 20,2%. Nas exportações, o crescimento é explicado pelo acréscimo nos produtos agrícolas, na indústria automotiva, além de máquinas e equipamentos e minerais não metálicos. Enquanto isso, as importações cresceram devido ao acréscimo das compras de veículos automotores, máquinas e equipamentos, refino de petróleo e siderurgia.

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