Geral

O que esperar das ações de empresas de e-commerce em 2021 e 2022?

Postado por em 26 de August de 2021 , marcado como

Após forte desempenho em 2020, o e-commerce atua de forma apagado na Bolsa no ano de 2021; resultados pedem cautela aos investidores.

2020 se encerrou operando no positivo e foi um ano que houve forte busca por como comprar ações de empresas expostas ao e-commerce. Estas ações foram muito buscadas por investidores de renda variável principalmente por conta do cenário de fortes restrições à mobilidade devido à pandemia do coronavírus. No entanto, 2021 não tem sido um ano positivo para as mesmas companhias de e-commerce.

Embora tenha tido algumas sessões pontuais de recuperações, ações das Americanas (AMER3) registrou queda de 43,90% na B3 no acumulado do ano até o pregão na última quarta-feira (25). Via (VIA3) teve baixa de 30%, enquanto outra gigante do e-commerce, Magazine Luiza (MGLU3) registrou perdas menores, mas ainda acumulando queda de 21,5% no mesmo período, diante da alta de aproximadamente 1,5% do Ibovespa. No mês de agosto, a baixa para Americanas ainda é de 13,60%, Via tem queda de 10,5%, enquanto Magalu registra queda de 5,10%.

Mesmo diante do novo patamar que o e-commerce atingiu em território brasileiro, com fortes números apesar da base de comparação ser considerada “difícil”, a temporada de balanço do segundo trimestre de 2021 não ajudou a animar as empresas na B3.

Na sessão após a divulgação dos resultados, no dia 12 de agosto, os papéis da Via tiveram baixa de 7,3%. No dia 13, também após a divulgação dos resultados, as Americanas teve queda de 7,88%. Magazine Luiza teve baixa de 3,34%, sendo a menor da concorrência, mas ainda sim bem expressiva.

Segundo os especialistas do Morgan Stanley, alguns pontos chamaram a atenção com a divulgação dos resultados das quatro maiores companhias de e-commerce no Brasil, adicionando na lista o Mercado Livre (MELI34), que negocia BDRs (Brazilian Depositary Receipts). 

Os principais fatores que chamaram a atenção foram:

Digitalização em foco no segmento e-commerce

No segundo trimestre, os temas-chaves adicionados incluíram velocidade na entrega e serviços para ampliação do ecossistema.

O Mercado Livre destacou que seu tempo médio para entrega em todas as localidades é de menos de 1,5 dia, já Magalu informou que 53% das suas entregas aconteceram em menos de 24 horas no mês de julho. As Americanas registraram 51% das entregas em menos de 24 horas durante os meses de abril e julho, enquanto a Via teve 43% da entrega em um período de 24 horas no Brasil.

Como forma de expandir tais capacidades e escopo de negócios, as gigantes do e-commerce têm realizado aquisições de tuck-in, que consiste na compra de uma empresa melhor e sua integração na plataforma da adquirente. Foram anunciadas recentemente a compra do KaBuM! pela Maralize Luiza e do Hortifruti Natural da Terra pelas Americanas.

Tendências divergentes de margens

Entre as empresas de comércio eletrônico, os especialistas observaram tendências de margens divergentes. O Mercado Livre, por exemplo, com destaque positivo, apresenta margem Ebitda (Ebitda/receita líquida) 11 pontos acima dos níveis do segundo trimestre de 2019. Com margem Ebitda de 12,5% e 6,80 pontos percentuais, o Mercado Livre ficou acima do esperado pelo Morgan e bem acima das margens do segundo trimestre de 0,9%, sendo a segunda maior margem trimestral da empresa desde que seus investimentos em logística aumentaram, no ano de 2018.

Já para a Via, as margens Ebitda de 6,2% foram superiores aos 3,0% do segundo trimestre de 2019. A margem Ebitda ajustada de 5,1% do Magalu teve alta de 2,5 pontos na base anual, mas queda de 3,8 pontos diante dos dos resultados de dois anos antes.

A margem das Americanas ficou em 10,4%, em queda de 5,2 pontos na base anual e baixa de 8,5 pontos na comparação com o mesmo período de 2019.

Mercado Livre e Magazine Luiza são líderes no crescimento de vendas

Os especialistas do Morgan Stanley destacaram que Magalu e Mercado Livre lideram o crescimento das vendas brutas de mercadorias (GMV) do e-commerce. A Magazine Luiza registrou alta de 46% do GMV, ficando 10 pontos acima da estimativa do Morgan. Já o Mercado Livre bateu alta de 44%, alinhado com as estimativas do banco em 4 pontos percentuais. 

Via teve crescimento do GMV online de 20% na base anual, ficando abaixo das estimativas de 4 pontos. As Americanas teve alta de 37% na base anual, mas 3 pontos abaixo da estimativa do Morgan.

Comparando com os dados de 2019 e considerando tanto lojas online quanto físicas, Magazine Luiza cresceu 139%, Mercado Livre cresceu 128%, enquanto Americanas teve crescimento de 74% e Via registrou alta de 50%.

Crescimento robusto do e-commerce

O e-commerce mostrou um ímpeto de crescimento contínuo em toda a América Latina, com as vendas online aumentando, mesmo com difíceis bases de comparação. Para as quatro principais empresas do comércio eletrônico, o valor bruto de mercadoria online (GMV) somado cresceu 39% diante da comparação anual no segundo trimestre.

O banco ainda apontou que, embora o crescimento agregado tenha ficado abaixo da alta de 99% no primeiro trimestre anual, o aumento em dois anos foi de 183%, acelerando de forma notável em relação à alta de 165% nos primeiros três meses na base de comparação com o mesmo período em 2019.

O que esperar do comércio eletrônico em 2021?

Com os números no radar, investidores ficam na expectativa para as ações do setor. Para os analistas da empresa XP, as empresas de e-commerce/tecnologia estão entre as que mais sofreram dentro da área de cobertura de varejo nas últimas semanas, levantando uma discussão entre os investidores após as temporadas de resultados. Ressaltando que o segmento é altamente correlacionado com o cenário econômico – principalmente taxa de juros – e confiança do consumidor. Nesse contexto, os papéis têm tido uma dinâmica bem desafiadora.

Além do cenário macro, a competição acirrada entre as gigantes se tornou uma preocupação crescente, pois os lucros divulgados recentemente destacaram margens pressionadas e comissões menores, apontam os especialistas da XP. Empresas internacionais como Shopee e Amazon continuam investindo de forma significativa no Brasil.

Para o terceiro trimestre, os analistas do banco Morgan Stanley enxergam uma perspectiva mista para o varejo no todo, com bases de comparação mais difíceis em eletrônicos no país, e inflação pressionando os custos de insumos. Por outro lado, o tráfego das lojas físicas se recupera com o avanço da vacinação.

No curto prazo, o cenário ainda é de cautela para os investidores das empresas de comércio eletrônico. É preciso ficar atento ao cenário e monitorar as notícias sobre a concorrência e noticiário fiscal, que impactam a curva de juros futuros e podem afetar os ativos das redes varejistas.

Siga o Criptoeconomia nas redes sociais!