Ibovespa sobe com recuperação e dólar cai com reforma do Imposto de Renda

O Ibovespa inicia a sexta-feira (3) operando em alta e ensaiando uma recuperação depois da queda de 2% no dia anterior devido ao texto aprovado na Câmara dos Deputados sobre a reforma do Imposto de Renda, além de outros fatores políticos como a crise hídrica e as derrotas do governo no Senado. Isso tudo afetou o ânimo dos investidores, mas o cenário parece mudar nesta sexta, beneficiando quem busca como comprar ações.

A sessão de ganhos hoje vem descolada do desempenho das bolsas internacionais, que operam em queda como reflexo do Relatório de Emprego dos Estados Unidos. O relatório mostrou a criação de 235 mil vagas no país no mês de agosto, número muito baixo da estimativa de 750 mil vagas, segundo analistas da Refinitiv.

Se por um lado o dado confirma a desaceleração na retomada do mercado de trabalho americano que havia sido indicada pelo Relatório de Emprego ADP, assustando os especialistas, por outro, indica que o Federal Reserve (banco central americano) precise ter cautela ao adotar a redução de estímulos mensais no mercado financeiro.

No Brasil, com a aproximação do feriado 7 de setembro, gera ansiedade sobre as manifestações pró e contra o governo. Pela manhã, Roberto Campos, presidente do Banco Central, palestrou no evento promovido pelo jornal O Estado de S. Paulo. Durante o evento, o chairman disse que o Banco Central está mais transparente quanto à modelagem que considera em seus cálculos para o hiato de produto para que o mercado compreenda a atuação da autoridade monetária.

“Talvez isso explique um pouco a diferença do que o Banco Central tem achado em termos de inflação para o que o mercado acha e a gente vai começar a ser cada vez mais transparente na nossa modelagem para que o mercado entenda por que que nós tomamos as nossas medidas, por que que fazemos as coisas do jeito que a gente faz, qual é o objetivo das medidas”, afirmou Roberto Campos durante sua palestra.

Nas bolsas da Ásia, os dados de Índice Gerentes de Compras (PMI, na sigla e inglês) de manufatura da China ficaram abaixo do esperado, deixando os investidores e o mercado econômico inteiro temendo a desaceleração na economia do gigante asiático.

O PMI Caixin/Markit de manufatura marcou, no mês de agosto, 46,7 pontos, frente ao patamar do mês anterior de 54,9 pontos e expectativa de 52 pontos. Durante esta semana, o PMI oficial de manufatura em agosto apontou contração no setor. Essa contração foi apontada pela primeira vez desde o início de 2020. Patamares acima de 50 pontos indicam expansão, enquanto abaixo, indicam retração.

Ainda no continente asiático, atenção voltada para o Japão, com Nikkei fechando em alta após Yoshihide Suga, primeiro-ministro japonês, anunciar que não pretende concorrer nas próximas eleições pela liderança do seu partido.

A sessão desta sexta-feira é a última em que Wall Street e a bolsa brasileira coincidem até a próxima quarta-feira (8), já que a segunda-feira (6) será feriado em solo americano e na terça-feira (7) a B3 estará fechada pelo feriado da Independência. Isso pode adicionar volatilidade ao Ibovespa que, às 10h11 (horário de Brasília), tinha alta de 0,48% a 117.232 pontos.

O dólar comercial opera em queda de 0,63% a R$ 5,15 na compra e a R$ 5,151 na venda. Enquanto isso, o dólar futuro com vencimento em outubro registra baixa de 0,54% a R$ 5,177.

Reforma do Imposto de Renda

Fernando Ferreira e Jennie Li, estrategistas da XP, realizaram na última quinta-feira (2) um painel sobre expectativas do Ibovespa em 2021, com redução da projeção da corretora para patamar do índice ao final do ano. 

Os 145 mil pontos esperados anteriormente, agora esperam que o principal benchmark acionário da B3 encerre o ano aos 135 mil pontos. Essa estimativa tem como base a ponderação das expectativas de lucro nos próximos dois anos das empresas que constituem o Ibovespa com as taxas de juros a longo prazo, que subiram ao longo de 2021, mas principalmente no mês de agosto.

Para Fernando Ferreira, estrategista-chefe da XP, o movimento reflete os ruídos fiscais noticiados nos últimos meses, causando um descolamento entre desempenho do mercado e ações brasileiro e de outros países. “O Brasil só está melhor que a Ásia, caindo 2% no ano, enquanto bolsas asiáticas caem 5%”, comentou Ferreira durante o painel.

Ferreira também opinou que um dos riscos monitorados de perto pelo investidor é a reforma do Imposto de Renda, aprovada ontem pela Câmara dos Deputados.

Já segundo Jennie Li, os mercados ficam preocupados principalmente com a extinção dos Juros Sobre o Capital Próprio (JCP) e com a tributação de dividendos. “O JCP é considerado uma despesa financeira, então diminui o lucro tributável e, consequentemente, o quanto a empresa paga de imposto”, informou Jennie.

Jennie Li ainda lembrou que o texto da reforma de IR ainda vai ao Senado, podendo ter uma versão final diferente da aprovada na Câmara. “Algumas mudanças ainda podem acontecer, então é cedo para o investidor fazer alterações na sua estratégia. Vale lembrar que no projeto inicial constava a tributação dos dividendos de fundos imobiliários, algo que foi retirado, com efeito muito positivo para este mercado.”

No entanto, ela lamenta que essa parte da reforma tributária ainda não ataque o principal problema do sistema tributário brasileiro hoje: a complexidade. “Nosso sistema tributário continua sendo muito complexo”, concluiu durante o painel da XP.

Siga o Criptoeconomia nas redes sociais!

• Telegram
• Facebook
• Twitter