A recente declaração de um estudioso islâmico, considerando o Bitcoin compatível com a lei da Sharia, abriu o mercado para investidores muçulmanos que antes não tinham certeza se a criptomoeda se qualificava como dinheiro.
Os muçulmanos respondem por 23% da população mundial, o que significa a 1,6 bilhão de pessoas em todo o mundo.
A Lei da Sharia, ou Lei Canônica Islâmica, proíbe a prática de emprestar dinheiro à taxas de juros altas, conhecidas como usura.
O debate começou na comunidade de estudiosos islâmicos, desde o aumento da popularidade do Bitcoin, que discutiam se o comércio da moeda virtual era uma forma de usura, devido à volatilidade e enormes margens de lucro e prejuízo.
Como a religião que mais cresce no mundo, o islamismo se tornou uma questão central para as autoridades financeiras nos últimos tempos.
A primeira discussão realizada pelo Fundo Monetário Internacional (FMI) sobre as necessidades bancarias islâmicas, é um exemplo de que estão em pauta.
No Islã, commodities essenciais como ouro, prata e sal são consideradas moeda. Dessa forma, dinheiro digital ou de papel geralmente só são permitido se forem apoiados por uma mercadoria de valor intrínseco e com taxa de câmbio fixa.
O padrão-ouro permite que as moedas lastreadas pelo metal sejam compatíveis com a Sharia, por exemplo.
O Bitcoin tem sido uma moeda difícil de quantificar, agindo ao mesmo tempo como mercadoria e moeda.
No entanto, ele se enquadra em certas definições de dinheiro consuetudinário na Lei da Sharia. O que significa qualquer coisa que se torne amplamente aceita como moeda pela sociedade ou determinado pelo governo.
Mufti Muhammad Abu Bakar, estudioso da Sharia e responsável pela área de compliance da Blossom Finance, em Jacarta, publicou um artigo sobre se o Bitcoin é Halal (permitido) ou Haram (Proibido), na última terça-feira (10).
No artigo, Bakar esclareceu que em certos casos o Bitcoin pode ser considerado Halam, permitido.
“Na Alemanha, O Bitcoin é reconhecido como uma moeda legal e, portanto, se qualifica como dinheiro islâmico. Em países como EUA, o Bitcoin não tem status monetário legal oficial, mas é aceito para pagamento em uma variedade de etabelecimentos e, dessa forma, se qualifica como dinheiro tradicional islâmico”.
A Sharia carrega ideias fortes sobre a preservação da riqueza, algo que levou as ICOs e o mercado volátil de criptomoedas a serem vistos de forma negativa.
A tecnologia blockchain e o Bitcoin, no entanto, se alinham com a ideologia da Sharia; só proibindo negociações com bancos e reservas fracionarias, onde a propriedade do dinheiro envolvido é considerado usura.
Como o blockchain inegavelmente comprova a propriedade, este método se torna ainda mais compatível com a Sharia do que os propostos pelos sistemas bancários tradicionais, Segundo o artigo de Bakar.
As regras foram publicadas apenas um dia após realização da maior conferência islâmica sobre criptomoedas, demostrando que esse assunto se tornou questão urgente para o povo muçulmano.
A decisão de abrir os mercados, antes restritos para investidores que praticam o Islã, pode ter sido a responsável pelo recente aumento do preço do Bitcoin. Já que os muçulmanos representam 1 a cada 4 pessoas no mundo.
Fonte: CCN
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