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O que é e como funcionam as stablecoins

Postado por em 28 de August de 2018 , marcado como , , , , , ,

Stablecoins, ou “moedas estáveis”, é um termo designado para qualquer criptomoeda vinculada a um ativo lastreado, como o dólar ou o ouro, mas que não está subjugada a nenhum banco central.

(Foto: Pixabay)

Ou seja, diferente do Bitcoin, as vezes temido pela sua volatilidade, as stablecoins se apresentam como uma alternativa aos ativos digitais, por terem um preço estável. O que facilitaria seu uso como moeda de troca no mundo real.

Conceito

Imagine pagar R$ 5, por um capuccino no seu café favorito hoje, e amanhã descobrir que ele vale metade do preço, ou pior, o dobro. Os entusiastas das moedas estáveis acreditam que elas podem solucionar esse problema.

“As moedas têm, entre outras, duas funções principais: servirem como meio de pagamento e como reserva de valor. Se a moeda é muito instável, não dá pra saber quanto ela realmente vale e [portanto] ela perde a equivalência no mundo físico. Então você consegue ampliar muito o uso dela, se você cria uma moeda minimamente estável”, comenta o especialista em blockchain e criptomoedas e sócio da Moura & Lobo Advogados, Fabio Alves Moura.

Apesar de cético quanto a viabilidade das stablecoins nesse momento, Moura argumenta que sua atratividade decorre do fato de que elas se apresentam como mais consistentes em relação a volatilidade.

Então quer dizer que as stablecoins são a solução para as criptomoedas? Vamos com calma. Como todo sistema complexo, elas têm prós e contras.

Segundo Sherman Lee, em um artigo para a Forbes, a criptomoeda ideal deve seguir quatro características: ser descentralizada, escalável, garantir a privacidade e manter um preço consistente.

Repito, em um contexto ideal. E para quem pensa que as stablecoins possuem todos esses atributos, tenho uma notícia pra dar: elas podem não ser tão estáveis assim. Confuso? Para entender esse ponto é preciso conhecer alguns modelos presentes no mercado.

Stablecoins com base em moeda fiat

Como o próprio nome já diz, esse tipo de ativo digital é lastreado por uma moeda fiduciária em uma conta de reserva.

Um dos mais conhecidos é o Tether (USDT), 100% apoiado no dólar (USD), com taxa de conversão de 1 USDT para 1 USD. No entanto, o problema desses sistemas é o alto custo e a lentidão de processamento, já que necessita de um intermediário confiável para garantir as transações. Um contrassenso em um ecossistema que prega pela descentralização.

É aí que surge a questão. Por ser uma moeda descentralizada, os desenvolvedores do Tether podem criar quantas USDT eles quiserem. O que gera risco de insolvência e custos com fiscalização. Como explica Moura:

“Criar uma moeda referenciada significa criar um mecanismo artificial de emissão. Ou você cria uma estabilidade natural, como por exemplo o preço da soja – ainda que ele mude, conseguimos prever quais fatores influenciaram sobre essa oscilação, em algum grau – ou você cria uma estabilidade artificial, que é um mecanismo como um fundo garantidor de investimento, e isso é muito custoso”.

Stablecoins com base em outras criptomoedas

Esse tipo de ativo é basicamente apoiado por outras reservas de criptomoedas ou token na blockchain. Ou seja, em uma carteira de ETH, por exemplo, cada token representa o valor de US$ 1 proporcional ao ativo.

Para resolver o problema da volatilidade, os criadores dessas stablecoins estabelecem que para cada moeda gerada é necessário depositar US$ 1,5 na criptomoeda que será lastreada.

Esse mecanismo garante que o valor do token será preservado mesmo que haja uma queda do ETH.

Inicialmente esse parece ser o modelo ideal, já que estamos falando de um sistema descentralizado que não requer um terceiro para investir ou sacar seus ativos. Porém, também estamos tomando como base as criptomoedas e não devemos esquecer que elas ainda sofrem de grande volatilidade – o que desafia a estabilidade da stablecoin a longo prazo.

Um dos projetos que utiliza esse método é o Havven (HAV).

Stablecoin com base em algoritmo

O ponto de partida desses tokens é semelhante ao princípio econômico dos bancos centrais. O preço é determinado com base em algoritmos pré-programados e na quantidade da stablecoins no mercado.

Nesse modelo não é necessário o uso de outro ativo para emparelhar o valor da stablecoin, nem são exigidas garantias, mas o problema aqui é desenvolver um algoritmo que expanda e contraia de forma descentralizada. Um exemplar desse tipo de moeda é a Basis.

Adesão em massa

A vantagem das stablecoins está no fato de os traders obterem rapidamente um dólar e aumentar a capacidade de liquidez das bolsas. Por outro lado, a ideia de uma moeda estável requer, em certa medida, a confiança de terceiros, o que vai contra o conceito cripto.

É por esse motivo que alguns especialistas se voltam para o fortalecimento das criptomoedas (BTC, ETH, XRP, etc.) em detrimento dos projetos de stablecoins. Isso porque o desafio da liquidez poderá ser solucionado ao longo do tempo, à medida que um número maior de pessoas aderir ao uso.

“Para ter um mecanismo natural de estabilidade, tem que haver uma adoção muito grande e um momento posterior ao que temos agora”, pondera Fabio Moura, ressaltando que o mercado ainda não está consolidado e por isso requer cautela e estudo.

“Vale se perguntar qual a sua expectativa diante desses ativos, focando no conhecimento sobre as criptomoedas e o que ela representa”, destaca o advogado.

Pros

  • Fácil conceituação e por isso melhor aceitação do mercado
  • Maior liquidez para traders e investidores
  • Paz mental durante as transações

Contras

  • Sujeito a manipulação da oferta de stablecoins
  • Requerem algum tipo de centralização e auditorias
  • Alto custo e lento para auditar

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