O Portal Criptoeconomia realizou ontem (23) um webinar gratuito que discutiu o uso da tecnologia blockchain em uma perspectiva de prevenção de fraudes e combate a corrupção.
(Foto: Pixabay)
Ministrado pela advogada e consultora jurídica em blockchain e criptomoedas, Amanda Lima, e pelo co-fundador da Go Blockchain, Renan Pitz, o webinar iniciou com um panorama geral sobre o nascimento da tecnologia e como ela vem revolucionando muitos modelos de negócios.
Segundo Lima, questões sobre a digitalização do dinheiro e a exclusão de intermediários nas transações pareciam impossíveis antes da criação do Bitcoin, uma vez que todas as informações podiam ser copiadas e coladas, como é feito em um e-mail.
Foi a partir da invenção de Satoshi Nakamoto que essas perguntas tiveram uma resposta.
“Outros cientistas tentaram resolver o problema, mas o Bitcoin é considerado o primeiro design de blockchain que a gente conhece”, comenta a advogada.
Pitz explica que além da característica descentralizada e distribuída, o consenso é uma outra forma de garantir a integridade e segurança da rede.
O co-fundador da Go Blockchain comenta que para uma transferência ser efetuada é preciso que pelo menos 50% da rede valide a transação. Dessa forma é possível garantir que ninguém tenha um duplo gasto ou transfira um valor de Bitcoin inválido.
“Se alguém tenta burlar a rede, as pessoas não entram em consenso e a partir do momento que há alguma coisa errada, a transação não funciona. Então isso traz segurança para a rede”.
Atuando como uma camada a mais de inteligência sobre a criptomoeda, Amanda Lima explica que os contratos inteligentes conseguem registrar qualquer ativo. “Basta criptografar e compactar o dado”.
E é justamente essa característica auditável do blockchain que faz a tecnologia ser mais transparente e rápida que os métodos tradicionais. E, consequentemente, mais honesta.
“Por exemplo”, explica a advogada, “imagine uma pessoa que vai se aposentar por problemas na visão. Se toda a base do governo for em blockchain e a pessoa dá entrada no INSS, automaticamente esse contrato inteligente consegue comunicar ao Detran que a CNH dela deve ser cassada”.
A tecnologia blockchain pode ser aplicada, ainda, na prevenção de fraudes da indústria farmacêutica – que segundo a advogada traz um prejuízo aos cofres públicos de 30 milhões por ano, devido a falsificação de remédios – ou reduzir o tempo de chegada de um medicamento ao consumidor, já que a demora com a autenticação do lote, seja nos portos ou pelos agentes de saúde, se tornará desnecessária.
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Casos de superfaturamento e fraudes em licitações são alguns dos problemas de corrupção mais recorrentes no Brasil.
Como o blockchain é totalmente auditável e todo dado acrescentado não pode ser alterado, os agentes sabem que qualquer informação pode ser rastreada. De acordo com Lima, é dessa forma que o uso da tecnologia consegue inibir a ação de corruptos.
“Não é que o blockchain traga honestidade ou mais transparência em relação a idoneidade das pessoas. Mas ele as força a terem mais responsabilidade”.
Renan Pitz acrescenta a este conceito um exemplo de contratos com construção civil. “Se você destina um valor de R$ 500 milhões para uma construtora utilizando a tecnologia blockchain, aqueles R$ 500 milhões serão pra sempre rastreáveis. Então se de alguma forma aquele dinheiro chegar na não de um político, [o montante] será totalmente rastreável e isso é muito fácil de fazer”.
Amanda Lima ainda destaca a tecnologia blockchain na base de aplicativos que visam melhorar a democracia.
Um dos exemplos é o Voto Legal, no qual o político pode prestar contas à sociedade e ainda permite que o candidato construa uma campanha transparente através de doações registradas por blockchain.
O outro destaque é a Muda Mais, plataforma que coleta assinaturas eletrônicas para projetos de lei de iniciativa popular.
O aplicativo permite relacionar a assinatura ao CPF e possibilita a apresentação de vários projetos de lei ao mesmo tempo. “E isso aumenta a possibilidade de democracia”, defende Amanda Lima.
O Webinar completo pode ser conferido no canal do Portal Criptoeconomia, no Youtube, neste link.