A culpa da desvalorização do real pode ser em parte do Bitcoin?
Diretor do Banco Central comenta que, em sua visão, a desvalorização do real tem a ver com o crescimento do Bitcoin no Brasil.
Bruno Serra é diretor de Política Monetária do Banco Central do Brasil.
Ele declarou que o aumento pela procura por Bitcoin por investidores brasileiros pode estar colaborando para apreciação do dólar norte-americano frente ao real.
Mais uma vez a “culpa” de algo ruim na economia é do Bitcoin, ao que parece, não é mesmo?
O maior criptoativo do mercado está sendo acusado de colaborar com a desvalorização do real frente ao dólar norte-americano.
Há duas maneiras de interpretar o acontecimento – e elas não são auto excludentes ou incontestáveis.
De um lado estão os representantes do mercado financeiro tradicional que confirmam a opinião de Bruno Serra e do Banco Central.
Nessa visão, investimentos em Bitcoin praticados no Brasil forçam o mercado cambial na medida em que são calculados no balanço de pagamentos como importações.
Isso é como se os brasileiros estivessem comprando um “produto” fabricado e vendido fora do país e, assim, retirando a moeda norte-americana do mercado.
Na sua participação, Bruno Serra salientou que depois de um tempo de baixa considerável no decorrer do ano de 2020, os investimentos em criptoativos voltaram a aumentar ainda no final do ano passado:
“Imaginei que depois da depreciação de 35% em 2020, de 2020 para cá esse fluxo iria diminuir. E na verdade ele não diminuiu. Ele aumentou em 2020 um pouquinho e tem se acelerado em 2021 até o mês de julho, reduzindo um pouco o fluxo em agosto e setembro, mas aumentou e tem se acelerado”, afirmou.
Mesmo que as manifestações de Bruno Serra e Natali tenham sido realizadas há alguns dias, no decorrer desta semana elas começaram a repercutir na comunidade brasileira de criptomoedas.
O economista Fernando Ulrich reagiu com espanto à suposição.
Ulrich imputa a depreciação do real frente ao dólar norte-americano acima de tudo ao afrouxamento da política fiscal do governo.
Além disso, outros culpados seriam o excesso de gastos públicos e à instabilidade política.
O mesmo ponto de vista foi compartilhado por Helena Margarido, que é analista da Monett, em um vídeo que foi publicado em seu grupo no Telegram.
Ulrich também salienta que o Banco Central não deve proporcionar a estabilização cambial.
Thata Saeter, que é Diretora de Operações da Convex Research, confirmou que o ciclo de desvalorização do real tem motivos internos e externos e teve início há alguns anos atrás.
Além de referir a “piora constante da situação fiscal”, ela salientou a atuação benevolente do BC frente aos primeiros sinais de pressão inflacionária:
“O Banco Central insistiu em manter uma taxa básica de juros em um patamar muito baixo, não compatível com a realidade do mercado. Essa decisão também afetou a entrada de dólares, que se reduziu bastante. Até mesmo por parte de exportadores brasileiros, que optaram por deixar parte dos seus dólares no exterior.”
Só para piorar, a ameaça política também tem crescido, com a chegada das eleições de 2022.
Portanto, lançar a situação difícil da economia brasileira à compra de Bitcoin por parte da população é negar a realidade.
A mais razão da situação ruim é das decisões do próprio governo frente às incertezas sociais e políticas.
O Bitcoin, pelo menos por enquanto, ainda não causa esse tipo de efeito macroeconômico.
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